
Em algum momento do meu distanciamento eu me reaproximei da superfície daquilo que já estava submerso.
Foi como a primeira vez que comi caju.
Cajus.
Uma fruta bonita, eu diria que exótica, cheirosa e até um tanto graciosa. havia tomado o suco vendido em supermercados milhões e milhões de vezes. Já havia comido a castanha. Delícia também.
Mas a figura de um caju, eu, pobre menina da cidade grande, para mim figurava um grande mistério. Nunca havia pegado em minhas mãos ou sequer provado seu verdadeiro sabor.
E eu perguntava incansavelmente a quem quisesse suportar minhas perguntas frutadas...rs "Como é que é o gosto de um caju, mãe?" "Você arranja um caju pra eu comer, pai?"
Arranjar... essa é boa.
A verdade é que caju era uma fruta tão brasileira, tão barata e sem atrativos que não se via em lugar algum para comprar.
Mas todos me garantiam que era melhor beber do suco, porque a fruta em si amarrava a boca.
Mas todos me garantiam que era melhor beber do suco, porque a fruta em si amarrava a boca.
Eu, contudo, já podia imaginar eu abocanhando aquela fruta-pão (será?) e o suco dela escorrendo pela minha boca.
Um belo dia... bem longe de casa, vejo imensos, suculentos, belos, cheirosos e vistosos cajus na mão de um vendedor ambulante em um semáforo no Rio de janeiro.
Gritei: Pára, pára!
Eu pagaria R$100,00 por aquela iguaria, no entanto não me custou nem R$5,00.
Delícia!
A primeira mordida no sabor desconhecido é algo mágico.
Eu já desconhecia a paz, e de repente ela passou e eu pensei: só preciso agarrá-la. O preço já paguei!
Que delícia novamente!
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